O artigo a seguir é o segundo de nossa série sobre os homens que iniciaram a revolução protestante.
Ulrico Zuínglio (1484-1531)
Reformador Suíço Militante
Zuínglio era filho de um fazendeiro bem-sucedido do Vale de Toggaburg, na parte mais inferior dos Alpes Orientais, que nos dias de hoje é o leste da Suíça. Ele se formou na Universidade de Basel em 1506 e tornou-se padre em Glarus, na Suíça. Zuínglio levava a sério seus deveres sacerdotais, mais tarde escreveu: "Embora fosse jovem, os deveres eclesiásticos inspiravam em mim mais medo do que alegria, porque sabia e continuo convencido de que prestarei contas do sangue das ovelhas que perecerem como consequência da minha negligência”.
O jovem padre apaixonou-se pela Bíblia, aprendendo sozinho grego e hebraico, para que não precisasse basear-se na tradução latina. A sós, ele lutava com muitos ensinamentos da igreja que não conseguia comprovar com a Bíblia. Por não confiar na teologia da igreja quanto ao celibato dos padres, ele se casou secretamente em 1522. Naquele mesmo ano ele desobedeceu às regras da Quaresma ao comer salsichas defumadas em público. Ele afirmou que as crianças não batizadas não estavam perdidas, questionou o poder de excomunhão da igreja e atacou a transubstanciação (que o pão seja o corpo literal de Cristo). Em janeiro de 1523 ele apresentou suas opiniões para uma audiência que não fazia parte da sua congregação local quando se dirigiu ao Conselho da Cidade de Zurique. Desde então esse discurso tem sido chamado de A Primeira Disputa. A Segunda Disputa ocorreu no mês de outubro do mesmo ano. Zuínglio teve êxito em algumas das reformas que sugeriu, como retirar das igrejas as imagens de Jesus, Maria e dos santos, e ao sustentar firmemente que a Bíblia, e não a igreja, tinha a preeminência.
Seis anos após Lutero afixar suas 95 Teses na porta da igreja na Alemanha, Zuínglio agiu da mesma maneira com suas próprias 67 Teses. O documento começa assim: “Todos os que dizem que o Evangelho é inválido sem a confirmação da igreja erram e difamam a Deus”. Isso discordava da crença católica de que a igreja tem autoridade e não a Bíblia. Os argumentos de Zuínglio provaram ser eficazes, e a Reforma Protestante continuou a ganhar força no leste da Suíça.
Zuínglio e Lutero encontraram-se em1529 em Marburg, Alemanha, onde tentaram unir as reformas suíça e alemã. Eles concordaram em quase todos os pontos doutrinários, exceto quanto à Santa Ceia. O encontro terminou mal, com Lutero dizendo que Zuínglio era "do diabo e nada além de uma noz bichada”.
...mas o grupo de Zuínglio perseguiu até à prisão o pio Dr. Hubmeyer, e embora não o tenha entregue à morte na fogueira, foi realmente responsável em grande parte por sua subsequente morte pelo fogo. E Calvino não fez menos, porque exigiu a prisão de Servetus que vira e ensinava a unicidade da Divindade. O Estado então submeteu este irmão a julgamento, e para consternação de Calvino ele foi queimado na estaca.
A Era da Igreja de Sardes – Livro das Eras da Igreja
Em seu Livro da Era da Igreja, o irmão Branham menciona que o grupo de Zuínglio perseguiu um reformador chamado Baltazar Hubmeyer. Em março de 1523, Zuínglio encontrou-se com Hubmeyer em Zurique e participaram de um debate público no final daquele ano (eram comuns os debates públicos naquela época para resolver questões doutrinárias). Neste debate, Hubmeyer disse que o batismo infantil não poderia ser respaldado pela Escritura, o mesmo que Zuínglio dissera. Posteriormente, em dezembro de 1525, Hubmeyer estava fugindo das autoridades católicas (exército austríaco) e buscou refúgio na cidade de Zuínglio, em Zurique. Em vez de protegê-lo, Zuínglio mandou prendê-lo.
Outro debate se seguiu, com ênfase no batismo infantil. Hubmeyer citou Zuínglio, onde ele dizia que as crianças não deveriam ser batizadas até que pudessem ser instruídas sobre o assunto. Zuínglio mudou de opinião, dizendo que havia sido mal interpretado. O conselho que presidia o debate ficou do lado de Zuínglio e exigiu que Hubmeyer se retratasse. Ele inicialmente se retratou, mas na manhã seguinte, retirou sua submissão ao conselho e disse: “Não posso e não me retratarei”. Foi então preso e torturado para forçarem sua confissão.
Enquanto estava sendo torturado na cama esticadora, ele cedeu e se retratou novamente. Assim, foi autorizado a deixar a Suíça. Ele viajou para a Morávia, onde se arrependeu de sua fraqueza diante da tortura e disse: “Eu posso errar; eu sou um homem; mas não posso ser um herege... Ó Deus, perdoa-me por minha fraqueza”. Hubmeyer continuou pregando, e até converteu muitos seguidores de Zuínglio à sua fé “anabatista” (batismo após confissão). Mais tarde, foi preso por autoridades católicas, levado a Viena, torturado na cama esticadora, condenado por heresia e queimado publicamente na fogueira em março de 1528. Três dias depois, uma grande pedra foi amarrada ao pescoço de sua esposa, e a afogaram no rio Danúbio.
Zuínglio morreu em batalha em 1531, quando forças católicas atacaram Zurique. A cidade permaneceu protestante, sob a liderança do sucessor de Zuínglio, Heinrich Bullinger.
Eis mais alguns fatos sobre Ulrich Zuínglio:
- Em 1519 Zurique foi devastada pela peste. Uma em cada quatro pessoas morreu. Muitos deixaram a cidade, mas Zuínglio ficou para continuar seus deveres pastorais. Ele contraiu a doença e quase morreu.
- Embora fosse padre, casou-se secretamente em 1522. Ele tornou público seu casamento em 1524. Assim também fez Lutero, e um padre se casar era visto como um desacato direto à lei católica, sendo também uma oportunidade para a igreja acusar os reformadores de deixarem a fé por não conseguirem permanecer celibatários.
- Zuínglio era um músico talentoso, tocava violino, harpa, flauta, saltério e corneta de caça.
- Como era um estudante talentoso, aprendeu facilmente o latim ainda jovem. Então comprou uma cópia do Novo Testamento (não-católico) em latim. Aprendeu sozinho o grego e comprou uma cópia do Novo Testamento no grego original. Até mesmo aprendeu hebraico para entender melhor o Antigo Testamento no hebraico original.
- Em 1523 ele contestou muitos ensinamentos católicos diante da Câmara Municipal de Zurique, o que resultou na remoção das imagens de Jesus, Maria e dos santos, que havia nas igrejas.
- Em 1524 ele convenceu a cidade a abolir a missa, que enfatizava a transubstanciação (em que o pão da Comunhão torna-se o corpo literal de Jesus quando é consumido). Ele a substituiu por um culto simples que incluía a Santa Ceia.
- Zuínglio não era somente odiado pela igreja católica, mas também por muitos de seus companheiros de reforma, por causa de sua natureza franca e militante.
O próximo artigo do período da Reforma será sobre João Calvino, teólogo francês e um dos reformadores mais influentes da história, mas um homem que o irmão Branham chamou de assassino.